AZUL É A COR MAIS QUENTE
Adolescente com um sentimento de desencaixe no mundo é uma constante desde sempre, mas há casos que seu desencaixe é ainda mais pulsante. Clémmentine tem os primeiros passos em direção ao auto-conhecimento quando avista uma moça de cablo azul andando pela praça. Azul é a Cor Mais Quente é um quadrinho que fez muito sucesso nos blogs e canais literários da vida quando foi lançado aqui no Brasil pela Martins Fontes em um período próximo ao lançamento da "adaptação" francesa para o cinema. O filme eu vi só a metade, e após ler a HQ fica entendido porque as aspas em volta da palavra adaptação: ele capturou mais o erotismo do que a sensibilidade do quadrinho.
A história começa com uma visita de Emma - a moça do cabelo azul - na casa dos pais de Clémmentine após sua morte, com a finalidade de ler um diário que ela escreveu em vida. Já com esse impacto triste do luto no início do quadrinho, mergulhamos junto com Emma na vida de uma jovem que nem sabia quem era ainda.
Azul é a Cor Mais Quente traz em seus traços um inicio conturbado de descobertas da sexualidade, da incredulidade e rejeição de seus próprios sentimentos, de um amor que não pediu licença para acontecer. Aborda medo, inseguranças, perda e ganho nas amizades, relação familiar e muito, muito sentimento. A escolha do tom monocromático com a vivacidade destacada em azul gera uma atmosfera muito bonita e poética. De certa forma, me pareceu que mesmo se sentindo plena quando recebeu o primeiro beijo de uma garota (que não foi a Emma), Clémmentine amou Emma por ela simplesmente ser a Emma e não por ser uma mulher. Creio que essa conclusão cada um terá de uma forma diferente ao ler a HQ.
Fica uma recomendação de HQ com tema LGBT muito boa, que mostra as fases e possibilidades que aparecem na vida das pessoas e que amor é amor independente do achismo seu ou meu.
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