DIÁRIO DE UMA ESCRAVA: PARA ESTÔMAGOS FORTES
Diário de uma escrava é uma ficção baseada em fatos reais onde Laura é a protagonista de algo que oro para que nenhuma de nós sejamos na vida.
Iniciamos a história no dia 1.728 que Laura está num buraco construído abaixo de uma casa num sítio remoto, buraco no qual ela tem uma subvida nesses quase cinco anos de cativeiro. “Ogro” era o termo pelo qual ela se referia ao seu sequestrador. E é essa rotina que vamos conhecendo e acompanhando até os acontecimentos de virada.
Nesse video eu converso sobre esse livro, mas se preferirem, logo abaixo está a resenha escrita.
O livro é uma denúncia, um grito, um alerta aos leitores para casos de sequestro de meninas que, quando não são encontradas mortas, violentadas e destruídas, são confinadas por anos a fio, vivendo todos os dias os horrores do estupro, do espancamento, da privação de higiene e de suas próprias identidades.
Para escrever o livro, a autora Rô Mierling estudou vários casos semelhantes e notou pontos em comum entre eles. O fato delas serem sequestradas nas proximidades de suas casas, de serem jovens, de terem que se submeter à servidão sexual de formas inimagináveis, do horror psicológico sofrido. Uma coisa curiosa além de toda essa barbárie é o fato de a maioria dos sequestradores viverem uma vida comum, com esposa, ás vezes filhos - o que chamamos aqui de “homens de bem” né? - e que em algumas situações até suas esposas colaboravam com seus maridos numa relação doentia de agradá-los. No caso de Diário de uma escrava, o Ogro era casado, porém a esposa não foi envolvida nisso.
Um aviso muito importante aos leitores: todos os atos são descritos com precisão. Por isso estejam de estômago preparado. Talvez a sinceridade das descrições seja o que faça a gente ter uma ínfima noção do que essas pessoas passam.
PRECISA SER LIDO, MAS...
É um pouco complicado te indicar um livro, te falar que precisa ser lido, que é um livro que prende, que te faz querer encontrar o desfecho junto com Laura, que por vezes ele é bom sim, e ao mesmo tempo te avisar que ele tem falhas e que pode desapontar.
Diário de uma escrava fala sobre um assunto seríssimo, cruel, impactante e que dá voz à vítima.
Quantos e quantos casos deixam de ser noticiados e, quando o são, essas pessoas ficam esquecidas?
Damos sempre holofote aos assassinos, sendo por busca de justiça, seja por curiosidade de entender a mente de gente desse tipo. Sobre isso não há reclamação nenhuma, pois a autora respeitou as vítimas e deu seu recado.
A pessoa em mim que considera as coisas boas do livro fica em conflito com meu lado crítico de leitora, pois a parte literária deixa a sensação de algo faltava. Infelizmente, é necessário alguém com conhecimento em teoria - e não tenho - para apontar melhor esses problemas, mas senti que enfraquecia a potência dessa história tão forte. Nem questiono a escolha da autora para o final, que eu não gostei, porém entendo o meu desgosto como o ponto de vista de alguém que sempre espera algo Disney para qualquer coisa. Entretanto uma das coisas que me incomodaram foi a inserção de um personagem na história, cujo seu capítulo lhe deu um background muito interessante, para no fim sua existência não ter feito nenhuma diferença no enredo todo.
Ficam aqui minhas impressões conflitantes sobre Diário de uma escrava. Espero realmente que você o leia e venha conversar sobre o que achou.
“Este livro foi cedido ao TRIPLO BOOKS de cortesia pela editora. Independente da parceria, todas as reviews tem como principal característica, a franqueza com as opiniões postadas”
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