MARVEL VS DC: A guerra entre fãs nos quadrinhos e no cinema
Os heróis estão entre nós. Eles finalmente chegaram para ficar. Houve tempos em que usar uma camisa com o escudo do Capitão América era motivo de chacota, bullying e até mesmo exclusão de grupos de amizade.
Lembro-me de como eu conheci minha primeira revista em quadrinhos com meus 10 anos. Eu sempre adorei aulas de artes no colégio. Sempre tirei notas altas e era aluno exemplar (modéstia a parte). Os heróis entraram em minha vida à partir de um exercício escolar, onde deveríamos criar uma história em quadrinhos com personagens próprios. Enquanto eu tive que tirar tudo da minha própria cabeça, um amigo de sala usava como base para referências, os quadrinhos do Homem Aranha.
Achei completamente injusto, o exercício dele estava muito superior ao de todos os outros alunos, não apenas por usar de referência os combates e algumas cenas da história do Aranha, ele realmente desenhava bem.
Eu não era habituado a ler, na verdade odiava. O máximo que eu conseguia fazer mais próximo de leitura era aquelas tirinhas no sentido vertical, como nas últimas páginas da Turma da Mônica.
Naquele dia eu pedi a meu amigo a revista emprestada com o intuito de ler e de entender mais sobre a quadrinização das HQs, que até então eu imaginava que ainda eram como nos gibis da Mônica. Lembro-me até hoje, o volume 111 de a Teia do Aranha me levou para aquele mundo que até então eu desconhecia. A história me envolveu de tal modo que, ao terminar e ler na ultima página a palavra "continua", fiz questão de bater ponto na banca mais próxima pra ver se já tinha a sequência. A partir deste dia, todo mês eram 2 edições de Homem Aranha na minha coleção.

A leitura era feita de forma escondida, afinal, ninguém achava aquilo grande coisa, independente de eu ter apenas 10 anos de idade. Gostar de Super Heróis era coisa de "demente", "criancinha", até na minha casa meu pai achava que aquilo não me ensinava nada, que não tinha de nada a acrescentar em minha vida. Claro que ele dizia tudo isso sem base alguma, no fim era apenas porque eu deixava de estudar por causa das benditas revistas.
Em nenhum momento, colecionar apenas quadrinhos do Cabeça de Teia foi uma escolha. Neles vinham histórias dele com os X-men, Quarteto Fantástico, Vingadores e além de histórias só desses personagens, anexadas nas páginas finais de cada revista. Na verdade só comprava o que eu podia com minha humilde mesada. Batman, Superman e outros heróis da DC Comics sempre estiveram lá nas bancas, mas o dinheiro curto só me possibilitava comprar 2 edições por mês: O Homem Aranha e A Teia do Aranha.
Ao crescer, lá pelos meus 20 anos, ler só Homem Aranha e demais heróis da Marvel Comics se tornou uma escolha. Passei a julgar as outras histórias sem conhecimento algum e até mesmo a fazer críticas sem fundamento. Ironicamente quem eu mais criticava se tornaria o herói que mais admiro hoje e que detém a maior parte da minha coleção: O Homem Morcego. Batman.
Só dei uma chance ao Batman, porque meu escritor favorito, Frank Miller, tinha escrito há mais ou menos 30 anos uma história para ele: Batman o Cavaleiro das Trevas.

A partir deste dia, procurei mais e mais histórias e sagas sobre esse Cruzado Encapuzado e quando me dei conta, já tinha mais quadrinhos e Graphic Novels dele do que o Homem Aranha e qualquer outro que já havia comprado. Mergulhei de cabeça no Universo DC e sua equipe, a Liga da Justiça, que passou a se tornar a melhor união de Super Heróis que conheço. Deixei de ler revistas da Marvel por isso? Jamais. Posso garantir que dá pra amar ambas e pender pra um lado ou outro sem ganhar inimizade por qualquer uma delas, então, porquê essa guerra entre fãs? Será falta de conhecimento?
Sabemos que nem todo mundo é obrigado a gostar de algo, mas porquê essa discussão como se ambas as editoras fossem times de futebol?
Todo mundo tem o direito à opinião, mas o que anda acontecendo é a falta de bom senso de algumas pessoas. Debates sobre quem está certo ou errado em um determinado assunto, veteranos querendo mostrar que sabem mais que os novatos, assim como no inverso, novatos achando que o que sabem é lei e por aí vai.
O maior problema hoje, vem das próprias editoras, que vivem reiniciando seus universos e zerando as edições nos quadrinhos, com o intuito de conseguir novos leitores que não conseguem se habituar aos roteiros e desenhos mais clássicos da era de ouro, prata e bronze dos quadrinhos, ou até mesmo para que tenham, em sua coleção, o volume 1 de cada revista.
Pessoas brigam pelo posto de maior conhecedor, colecionador, leitor mais antigo, maior fã. Brigam por acharem as adaptações cinematográficas ruins mas, no fim, o que fica faltando é a falta de respeito.Críticas pesadas, em sua maioria sem fundamento e não construtivas. Tem gente que vai no cinema ver o filme só pelo prazer de depreciar a obra com o objetivo de irritar propositalmente os fãs daqueles heróis.

A única coisa que eu posso garantir é que se você é fã da Marvel e não conhece a DC ou o inverso, não sabe as boas experiências que está perdendo. Quer criticar? Procure conhecer para poder dizer que não gostou e tenha sempre o respeito por quem gosta. Esse é o momento em que todos nós só temos a ganhar, os heróis estão em todos os lugares, todas as mídias, estampados nas roupas da moda, nas lojas de brinquedos e artigos relacionados, livrarias, nos utensílios de decoração... Finalmente eles vieram para ficar e era esperado que todo esse aumento de popularidade gerasse uma discórdia uma hora ou outra.
Tudo o que eu peço é apenas o seguinte: Vamos ter mais bom senso. Tem espaço pra todas as editoras e estúdios em nossos corações.
*As fotos das coleções fazem parte da minha coleção pessoal.
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