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HEX, de Thomas Olde Heulvet

HEX

Black Spring é uma cidade onde quem nasce ou por ventura venha a residir, está condenado a ficar até a morte. Não é mais possível sair, a não ser que você queira morrer. Passar pouco tempo fora da cidade é até permitido, mas não se atreva a exagerar, ou pensamentos  suicidas surgirão em sua mente e pode ser que você não tenha controle sobre suas ações. O local é assombrado pela Bruxa de Black Rock ou, para os mais íntimos, Katherine Van Wyler, uma mulher do século XVII condenada há mais de 300 anos, acorrentada e com olhos e bocas costurados.

Black Spring vive sob total quarentena, “protegidos” por uma alta tecnologia, sendo vigiados por câmeras e registrando os locais de aparição da bruxa através de um aplicativo para Iphone, chamado HEXapp, para assim evitar que a maldição dela se espalhe. Mas como toda boa cidade, existem aqueles moleques endiabrados que, cansados de viverem em total confinamento por tantos anos, resolvem passar por cima das regras e perturbarem Katherine. Pode sair algo de bom de uma atitude estúpida como esta?

Infelizmente, Hex não me encantou como eu esperava, mesmo sendo uma puta história original. Talvez a fuga do clichê tenha ocasionalmente descarrilhado o enredo, criando uma história que tinha tudo para ser grandiosa, mas não foi. Eu tentei, juro, mas o clima de tensão prometido é raro. Nem mesmo nas passagens pela floresta, que deveriam ser assombrosas, foram capazes de me causar alguma espécie de aflição. Torci muito para mudar de pensamento durante a leitura e até gostei bastante das aparições repentinas de Katherine pela cidade, casas e estabelecimentos, que é perturbadora. Imaginar-se numa situação como esta, vivida pelos moradores de Black Spring é desconfortante. Conviver com isso é assustador.

Um outro detalhe morno são os personagens principais, entediantes e desagradáveis. Mesmo com toda a construção de suas personalidades, não é possível se apegar a ninguém e não me importei quando algum deles teve de sair de cena. Existe toda uma bela construção sobre o passado de Katherine e o que aconteceu com ela, porém tudo isso ficou apenas lá, no passado. Dei falta de bons cliffhangers.

As páginas mais legais do livro ficam lá na fração final da obra, no entanto, não foi capaz de me conquistar e tudo o que eu mais queria era termina-lo de uma vez. Me empenhei de forma frustrante em aguardar pacientemente pelo sobrenatural ser jogado pra cima de mim, mas o problema que encontrei na trama de Thomas Olde Heuvelt, é que o desenvolvimento dos personagens é muito lento e nem um pouco cativante. Não dá para ter afeto ou pena por nenhum deles. Torci pela bruxa.

É explicado que este livro trata-se de uma versão 2.0, que foi reescrita mudando o ambiente holandês para uma história contada nos Estados Unidos. Talvez nese momento a história tenha perdido todo o seu brilho. Gostaria muito de ter lido o livro 1.0, o original criado pelo autor. Acredito que ele sim, tinha todo o potencial prometido.

Sobre a edição da Darkside Books, a editora mantém o padrão elevado de qualidade, com uma capa incrível e o miolo impresso em papel de alta qualidade. As folhas de guarda trazem uma belíssima ilustração aterradora de Katherine e sua aparência macabra. Acompanha também na área de agradecimentos, uma bela descrição da infância e inspiração do autor para escrever Hex.

Não é porque não funcionou pra mim, que não vá funcionar pra você. O livro vale muito a pena ser lido. Se você gosta de bruxas, histórias do passado e uma cidadezinha assombrada por um antigo mal, porém tratada de forma completamente moderna, Hex é uma ótima pedida.


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