A COR QUE CAIU DO ESPAÇO, de H.P LOVECRAFT (REVIEW DUPLA)
A COR QUE CAIU DO ESPAÇO narra em primeira pessoa a história de um topógrafo de Boston, que esta examinando uma área rural a ser inundada, próxima a cidade fictícia de Arkham. Ele se depara com um vilarejo misterioso, destruído e completamente abandonado. Um local em específico próximo a um poço, chamado agora de "charneca crestada", era especificamente aterrorizante. O único que ainda vive pelas proximidades é o velho Ammi Pierce, que já não bate bem da cabeça e que lembra daqueles dias esquisitos que se passaram, quando ainda era possível encontrar moradores na região.
Ao procurar o velho senhor para saber das loucas histórias, depois de tentar ouvir outros indivíduos com histórias fantasiosas, o narrador sem-nome descobre que a ruína do vilarejo começou logo após a queda de um meteoro na fazenda da família de Nahum Gardner, onde agora é a charneca crestada, local onde as pessoas da cidade acreditam que todos os moradores foram mortos ou desapareceram. Especialistas da Universidade de Miskatonic foram chamados para analisar o fenômeno.
"E a noite toda Arkham ouvira falar da grande pedra que caíra do céu e afundara na terra ao lado do poço da casa de Nahum Gardner. (...) Haviam posto a descoberto o que parecia ser o lado de um grande glóbulo colorido engastado dentro da substância. A cor, que se assemelhava a algumas das faixas no estranho espectro do meteoro, era quase impossível de descrever; e apenas por analogia a chamavam de 'cor' ".
Nas colheitas seguintes, toda a flora e fauna da fazenda dos Gardner foram devastadas e uma insanidade inexplicável caiu sobre toda a família. Havia alguma coisa dentro do meteorito analisado, algo indescritível, que começou a causar problemas de impossível compreensão humana.
" Isto aconteceu em junho, cerca um ano depois da queda do meteoro, e a pobre mulher, aos berros, falava de coisas no ar que ela não podia descrever. Em seus delírios havia um só substantivo específico, (...) Mas qualquer que seja a excrescência diabólica, ela deve estar presa a alguma coisa, de outra forma estaria se espraiando rapidamente. Estará agarrada às raízes das árvores que se estendem para o céu? Uma das lendas correntes em Arkham é de grossos carvalhos que brilham e se agitam de noite de forma anormal."
// OPINIÃO CHARLITTO
Este conto é a nata pura da ficção científica e daria um excelente filme hoje em dia com toda a nova leva de efeitos visuais que os profissionais da área são capazes de produzir. A única dificuldade com a adaptação deste conto, assim como com quase a maioria do material escrito por Lovecraft, é que a "cor" descrita aqui é indescritível, ou seja, a mente humana nunca viu esta cor antes em nenhuma paleta ou espectro anteriormente. A própria denominação é apenas por correlação. Quem já está familiarizado sabe que o autor trabalha com seres vindos do espaço, de eras transcendentais à nossa mente, sendo assim a nossa mente não tem referência alguma para compreender o que está enxergando. A melhor forma de se filmar um conto como esse seria não mostrando nunca o que de fato está ocorrendo, apenas com as interpretações dos personagens voltados para a câmera. Mas não sei se isso daria muito certo e nem tenho base para poder falar de tal assunto.
A Cor que Caiu do Espaço é sem sombra de dúvidas referência até os dias de hoje para tudo que veio depois de Lovecraft. A ficção científica bebe em seus escritos e fica fácil você ver detalhes de suas obras em tudo que é filme ou livro que retratam seres alienígenas e fenômenos estranhos. Depois da queda do meteoro a situação na fazenda dos Gardner é tenebrosa, com descrições detalhadas das proximidades que fazem gelar a espinha. Como sempre digo em minhas resenhas, Lovecraft insere o leitor como um personagem à parte dentro do conto e todas as sensações que se possam imaginar são despertadas. Algumas cenas, que não darei detalhes para não dar spoilers, são realmente chocantes e assustadoras, situações vividas pelos personagens que só de eu me imaginar passando por uma delas, já fico receoso de apagar as luzes do quarto antes de dormir.
De uma coisa eu tenho plena certeza: Não gostaria de ser um dos personagem de H.P. Lovecraft, jamais em qualquer vida.
//OPINIÃO DA MARI
Esse é meu primeiro contato com Lovecraft e bem, a sensação que tive é que ele gostava de trabalhar com nossa capacidade de imaginar. Um meteoro cai nas propriedades da família Gardner e seu material é tão diferenciado que o dono leva para os professores da universidade examinarem. Suas características claramente tem algo físico e científico que intriga a todos, mas ninguém esperava o que fosse acontecer aos membros daquela família nos tempos posteriores à queda desse meteoro. Da região afetada, fenômenos foram ocorrendo e apenas um vizinho que, agora velho, é testemunha do que ocorrera anos antes. Tudo foi se modificando na região da propriedade através daquela "cor" que emanava por ali: água, solo, plantas, bichos... os Gardner também foram sucumbindo a doença e à loucura até não restar mais nenhum.
Lovecraft faz o papel de descrever de jeitos sutis as características que despertam o medo. Fazendo, então, o leitor lentamente se envolver em sua história como se fosse ele mesmo o ouvinte da história contada pelo velho Ammi Piecer, testemunha ocular da triste desgraça ocorrida aos Gardner.
Como leitora iniciante do autor, devo dizer que em relação ao Charlitto, ainda tenho muito caminho a percorrer da fonte que é Lovecraft. Espero não enrolar mais para próximas leituras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário