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COMO NÃO AMAR O AUGGIE EM “EXTRAORDINÁRIO”, DE R. J. PALACIO?






Acho que fazia muito tempo que eu não lia um livro tão rápido na minha vida. Claro que a privação de minhas distrações diárias contribuiu com isso, mas em dois dias eu li Extraordinário de cabo a rabo.
August, mais conhecido como Auggie nasceu com uma condição na sua face e passou por vários processos cirúrgicos para ter uma vida comum. Ele é um menino como qualquer outro, porém seu rosto não é como o da maioria das pessoas. Por conta das cirurgias que passou durante seu crescimento, seu aprendizado ficou por conta de sua mãe. Todavia, esse é o primeiro ano que Auggie entrará em um colégio de verdade.



Extraordinário foi lançado aqui no Brasil em 2013 e mesmo depois de seu hype, ainda é um livro comprado e amado por muita gente. O livro está, mais uma vez, entrando em discussão por conta do filme que irá estrar nesse ano de 2017. Eu sempre vi reviews amáveis sobre esse livro, mas deixava minha leitura para depois. O lado bom é que, mesmo sendo uma leitura tardia, foi uma leitura que valeu muito a pena.

R. J Palacio acertou em cheio pela história linda que criou e pela forma que decidiu contá-la. Como era um grande desafio, seus pais contataram previamente o diretor do colégio para que pudessem ter o apoio escolar necessário para a estadia de August em primeiro ano letivo - ele iria iniciar a 5ª série. Este ponto foi sensacional porque nesse livro a escola deu um suporte maravilhoso. Deixando a problematização centrada na relação das crianças com um amigo “diferente”. Essa parte corta o coração e ao mesmo tempo deixa o brilho de esperança com o desenvolvimento. 


A narrativa é dividida entre vários personagens importantes na vida de Auggie. Incluindo August, os capítulos são protagonizados por Via (irmã de August), Summer (amiga da escola), Jack (também da escola, onde um grande dilema ocorre nessa amizade), Justin (namorado de Via) e Miranda (amiga de Via). Portanto pode-se entender os sentimentos de todos de uma forma clara e de uma delicadeza sem tamanho. 
“-  Agora, para começar, quero que todos parem de falar... - ela me viu - ... ponham as mochilas no chão e fiquem quietos.
A professora exitou por apenas uma fração de segundo, mas percebi exatamente o momento em que me achou. Como já disse, sou acostumado com isso.”


O maior desafio é fazer amizades. Veremos nos livros o quanto as crianças evitam contato, cochicham, criam brincadeiras de mal gosto. Um número pequeno e seleto de amigos se aproximam de Auggie enquanto os outros o evitam pelo fato do rosto dele não ser comum. Como se a aparência refletisse o jeito que ele é como pessoa.
Nessa história podemos ver o amor e apoio da família (pai, mãe, irmã) e como isso é importante para dar suporte ao caçula. Também é possível entender que as crianças podem evoluir quando vacilam, outras são destemidas e não se importam com o que Auggie tem. Entretanto nem tudo são flores e ainda assim, há gente que não tem jeito e se mantém realizando más atitudes, refletindo também a postura de pais preconceituosos.






Existem outros pontos que gostaria muito de abordar sobre o livro, como por exemplo a preocupação dos pais, que apesar de não fazerem parte como narradores, estão presentes quase sempre. E também a Via, a irmã mais velha que acaba se sentindo sozinha e está vivendo o ensino médio e que está aceitou estar em segundo plano em prol de algo maior. Seria bom explorar todos esses lados e, quem sabe um dia, eu possa fazer isso de outra maneira.
Extraordinário é um livro lindo. Um tapa de luvas na minha e na sua cara, garanto. Eu vou recomendá-lo sempre que eu puder. Principalmente para as crianças e adolescentes que estão em fase de formação e que podem ter algum colega na escola com condições semelhantes ao Auggie. Porém também recomendo a adultos para que nunca deixem de aprender que quem apenas só vê cara, não vê coração.
Fiz um bate-papo pessoal sobre algo do livro e convido você a assistir: 




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