ASSASSINATO NO EXPRESSO DO ORIENTE, AGATHA CHRISTIE

O renomado detetive Hercule Poirot criado pela Rainha do Crime Agatha Christie, havia acabado de resolver um caso na Síria, pegando o trem para Istambul, onde passaria alguns dias antes de retornar para Londres. No Hotel Tokatlian, Poirot reserva um quarto e dirige-se para checar seus telegramas, descobrindo que deveria voltar urgentemente para Londres, frustrando assim, seus dias de descanso. Cancelando o quarto e pedindo para que o atendente do Hotel lhe conseguisse uma passagem no Expresso do Oriente, que sairia às 21 horas, o detetive dirige-se ao restaurante para jantar antes de partir. Ele observa os poucos ocupantes do local, chamando-lhe a atenção um jovem e um senhor de aproximadamente 70 anos sentados em uma mesa. Poirot sente uma aura estranha emanando daquele senhor.

Coincidentemente, Poirot encontra um amigo, o diretor da Compagne Internationale de Wagons Lits, responsável pelo Expresso do Oriente, o Sr. Bouc. Eles descobrem que não há mais cabinas disponíveis no trem, um fato completamente anormal para a época de frio intenso e nevascas. M. Bouc consegue para o detetive um assento que pertencia a Mr. Harris, alguém que até os 4 minutos antes da partida do trem, ainda não havia chegado.

No dia seguinte, Poirot vai ao carro-restaurante e observa a todos os passageiros com bastante atenção, pessoas de diversas nacionalidades, inclusive Mr. Ratchett, o senhor que o havia despertado energias negativas no hotel. Para sua surpresa, o velho senhor demonstra conhecê-lo, aproximando-se de sua mesa e lhe solicitando seus serviços como detetive, alegando ter muitos inimigos. Poirot o nega.

O que se segue é uma noite difícil, Poirot não consegue pegar no sono e ouve a campanhia de uma das cabines sendo tocada freneticamente. O condutor do trem verifica o que a passageira quer e depois recebe um chamado de mais uma cabina. O passageiro se desculpa, dizendo ter apertado-a por engano, e Poirot aproveita para pedir-lhe uma água mineral.

Na próxima manhã, o Expresso do Oriente encontra-se parado e o carro-restaurante repleto de pessoas falando alto e discutindo sobre o porquê da parada repentina. Todos recebem a explicação de que uma nevasca bloqueou o caminho e que, devido a isto, o trem deverá aguardar, podendo demorar dias. Somando-se a isto, Poirot encontra-se com seu amigo Bouc e um médico, Dr. Constantine, que lhe dão juntos uma péssima notícia: Um dos passageiros foi assassinado a facadas na noite anterior. O amigo preocupado, pede ao detetive que desvende o caso, temendo a reputação da companhia.

“Ah, mon cher – a voz de M. Bouc demonstrava carinho. – conheço sua reputação. Sei alguma coisa sobre os seus métodos. Este é o caso ideal para você. Olhar os antecedentes de todas as pessoas, descobrir quem são, tudo isso leva tempo, aborrecimentos sem fim. Mas não ouvi dizer que você, para resolver um caso, só precisa sentar-se e pensar? Pois faça isso. Entreviste os passageiros, olhe o corpo, examine as pistas e... eu tenho fé em você! Estou certo de que nada disso que falam de você é lenda. Sente-se e pense. Use (como tenho ouvido você dizer tanto) as pequeninas células cinzentas da mente. Você saberá tudo!”

O que se segue são as entrevistas e investigações de Poirot sobre o assassinato. No local do crime foram deixadas algumas pistas, como um lenço de mulher e um limpador de cachimbo. A porta da cabina do morto encontrava-se fechada com trinco e acorrentada por dentro, além de a janela estar aberta, com um frio cortante entrando, sugerindo que o assassino havia fugido por ali, apesar de se constatar não haver pegadas na neve. Um relógio no bolso do cadáver poderia indicar a hora do crime: 1:15 hs.

Assassinato no Expresso do Oriente é um daqueles livros que quando você pega pra ler no início da manhã ou fim de uma tarde, provavelmente terminará no mesmo dia, pois foi assim que aconteceu comigo. A leitura é envolvente e te prende de uma tal forma que é impossível parar. Todo o enredo é preparado para que não haja interrupções, pois depois que o crime é cometido, tudo o que o leitor mais quer é, junto com Poirot, descobrir quem foi o assassino. Agatha Christie sabe muito bem colocar-nos dentro da história e nos fazer pensar. Vários personagens tem um gênio difícil, o que dificulta a investigação, mas o detetive se atém a tudo e não tira conclusões precipitadas. Há momentos de tensão, o criminoso pode estar a espreita e o leitor sente esse medo. Eu mesmo tive momentos em que parava e olhava pela casa quando ouvia algum som incomum. O desfecho da história é sensacional e inteligentíssimo, confesso que fiz minhas apostas e errei feio haha. Poirot vai jogando com os passageiros para ver se pesca alguma coisa e eu achei isso o máximo.

“Mon ami, se quiser pegar um coelho, enfie alguma coisa em sua toca. Se houver coelho ali, ele correrá.”

Assassinato no Expresso do Oriente lista entre as dez melhores obras da autora. Prato cheio para fãs de literatura policial e quem curte um enigma e um bom mistério. Há um filme em produção para estrear em novembro deste ano, com um super elenco de estrelas do cinema como Jhonny Depp, Michelle Pfeiffer, Willian Dafoe, Daisy Ridley e Penélope Cruz. A direção é de Kenneth Branagh, que interpretará o ilustre detetive Hercule Poirot.