NAS MONTANHAS DA LOUCURA, H. P. LOVECRAFT
Nas Montanhas da Loucura é um conto ancestral. Narra em detalhes os eventos de uma desastrosa expedição científica ao continente gelado da Antártida no ano de 1930 e o que o narrador, o Dr. William Dyer, da Universidade de Miskatonic e uma equipe de 20 pesquisadores encontraram por lá...
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Dyer tenta a todo custo, através desta narrativa, impedir que uma nova expedição regresse ao continente glacial e se deparem com coisas além de nossa compreensão.
"Se os indícios evidentes quanto à sobrevivência de horrores ancestrais que ora revelo não forem suficientes para evitar que outros se envolvam na exploração profunda da Antártida ― ou ao menos impedi-los de penetrar muito fundo na superfície do supremo deserto glacial de segredos proibidos e desolação amaldiçoada pelos éons ― a responsabilidade por males inomináveis e talvez imensuráveis não será minha."
Enquanto usavam uma broca para coletar amostras de rochas, a expedição acaba encontrando fósseis bizarros de uma raça Pré-Cambriana com bilhares de anos e jamais catalogada. Um de seus amigos encontram ao sobrevoar território desconhecido usando aviões, várias cadeias de montanhas mais altas que o Himalaia. Depois de perder contato com esta parte da equipe, o narrador, junto com os outros homens que restaram, vão em busca de respostas. Encontrando o acampamento completamente devastado, Dyer e mais um amigo sobrevoam a área tentando encontrar pistas do desaparecimento dos homens e descobrem a existência de uma cidade ciclópica, perdida, escondida nas montanhas, com bilhões de anos de existência e criada por alienígenas. Uma cidade repleta de incógnitas que habitou uma civilização muito anterior à raça humana.
"É totalmente contra vontade que exponho minha oposição à intencionada invasão da Antártida, à desmedida busca por fósseis; à perfuração e derretimento das antigas calotas polares para impedir o mundo explorador de qualquer projeto precipitado e ambicioso demais, nestas montanhas da loucura."
Nas Montanhas da Loucura é um conto perturbador e sensacional, que trata do sentimento do desconhecido. A descrição da cidade é de um detalhamento assombroso, com uma caracterização muita precisa. A história começa de forma espetacular, refinando a tensão a cada página, deixando o leitor curioso ao mesmo tempo que de alguma forma "enrola" para descrever os horrores presenciados pelo personagem. Isso causa ainda mais aflição e medo, porém esta é uma das principais características de sucesso de Lovecraft, que trabalha com o horror inconcebível e inominável.
Quando temos como referência algum vislumbre visual de criaturas monstruosas, por exemplo, através de figuras, nem sempre ela pode lhe causar medo, pois sempre usaremos para ilustrá-las as referências existentes na terra e dentro do que compreendemos. Já Lovecraft trabalha com criaturas vindas do espaço, bizarras, horripilantes e indescritíveis, que só um breve vislumbre delas nos causaria loucura. Justamente por não termos essas referências do "nosso mundo" para compreender as formas dessas criaturas, é que passamos a sentir um pavor incomum e a pirar.
A ideia de se caminhar sobre o gelo já é de fato assustadora, junte a isso uma provável invasão alienígena num passado remoto e eventos grotescos e ininteligíveis e você terá uma das melhores histórias de terror do século XX, contada por ninguém menos do que o mestre do horror cósmico.
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