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EVANGELHO DE SANGUE, de Clive Barker

clive-barker-post

As pessoas são complicadas. Claro que grande parte do tempo, elas ficam usando máscaras. Pelo menos enquanto estão vivas. Mas, quando morrem, sabe, elas acabam com toda a besteirada. Então, você consegue ver a verdade. E a coisa toda é bem mais rica e estranha do que poderia esperar.


Em Evangelho de Sangue, Clive Barker centraliza sua história no demônio cenobita Pinhead, vilão icônico de sua série de filmes Hellraiser (review aqui). O autor já atropela o leitor com um trator logo de cara, trazendo um prólogo surpreendente, uma salada de torturas e bestialidade. Pinhead procura e extermina uma legião de magos ao redor do planeta, buscando o conhecimento de todas as magias em  seus diferentes graus, e para isso ele dizima de forma doentia cada um deles, ordenando ações brutais. Uma cena chocante, forte e digna do universo dos cenobitas.

Posteriormente somos apresentados aos personagens Harry D’Amour — uma velha criação de Baker, que teve participações em outros livros do autor — e Norma, uma senhora cega, capaz de enxergar fantasmas e trabalha ajudando os mortos, presos ao nosso mundo, a tomar o seu destino. D’Amour é um detetive particular, mas não um daqueles convencionais. Harry trabalha com casos de ocultismo e tem o corpo todo marcado por tatuagens que lhe servem de proteção e aviso do perigo maligno. Outra leva de personagens, amigos do detetive são apresentados, como o seu tatuador Caz, uma garota chamada Lana e Dale, que é capaz de ter uma espécie de premonição em sonhos, que lhe ajudam a tomar certas decisões. Todos esses personagens carregam em si a excentricidade ao extremo.


[...] ela escutara incontáveis vezes espíritos desafogarem a angústia por não serem vistos, incapazes de confrontarem seus entes queridos ao dizerem “Eu estou aqui, bem ao seu lado”. Ela percebeu que a morte era um espelho de duas faces de dor: a face dos vivos cegos, que acreditavam ter perdido para sempre os que amavam; e a face dos mortos invisíveis, que sofriam ao lado deles, sem poder oferecer uma palavra de conforto.



Depois de aceitar um trabalho a pedido de Norma, Harry acaba caindo numa emboscada e dando de cara com o sacerdote do inferno Pinhead e um ex-mago deformado pelo cenobita e agora seu  escravo, chamado Felixson. As coisas saem do controle e Norma acaba sendo alvo do demônio com cabeça de pregos e levada para o inferno. Harry e seus amigos não tem outra escolha, se não, partirem para o submundo em busca de sua amiga. A descrição do inferno apresentada por Barker não é nem um pouco surpreendente, sendo em muitas questões, até confusa demais. O autor perde tempo com detalhes nem um pouco assustadores e até, na minha opinião, até um pouco enrolado. A partir desse momento, que seria a 2/3 parte do livro, a minha empolgação com a leitura desceu a ladeira e se esborrachou. Muitos trechos massantes e desnecessários, parecendo até que Clive Barker foi substituído no meio do livro por outra pessoa. A ordem dos cenobitas, que poderia ter sido o ponto principal para explorar, é apenas citada de forma descartável, tirando todo o peso que tinham dentro do universo criado pelo autor. O objetivo de Pinhead também é confuso, mesmo depois de sua explicação no final, que é extenso e massante.

“Não acho que o mundo seja assim” Lana disse. “Mas ao menos é algo em que se possa apoiar a partir do instante em que entramos nessa porra de mundo. Acho que os bebês choram quando nascem porque eles sabem de toda a merda terrível que vai acontecer a eles. Por isso nunca tive filhos. Toda vida é uma sentença de morte. A gente só se esquece disso conforme a vida passa, que nem sonhos que esquecemos assim que acordamos."




A 3/3 o livro volta a tomar um gás e melhora bastante, com cenas dignas de horror, que apenas Clive Barker consegue criar, que chocam bastante e trazem o clima apresentado em Hellraiser. Mas, já era tarde e eu não estava mais na vibe do livro, que por incrível que pareça, volta a esfriar nos momentos finais, me deixando decepcionado. Não sei qual foi a intenção do autor com esse livro, se era dar um fim para seus personagens, como se eles fossem meras crias a serem jogadas no limbo ou se ele foi forçado a voltar ao seu universo por questões contratuais e estava sem muita ideia do que fazer, o fato é que, o que você sente de espetacular no livro Hellraiser, te deixa completamente ansioso por esta obra, que está com uma capa e acabamento maravilhoso, no pódio das capas mais lindas do gênero de horror, coisa que a DarkSide Books nunca deixa a desejar, porém a bem da verdade, esse será apenas o atrativo que manterá este livro na minha estante, somado ao fato do livro ser de autoria de Clive Barker, caso contrário, eu não teria pena de passá-lo adiante. Salvo alguns quotes espetaculares, e um prólogo que, por si só, leva o livro nas costas, Evangelho de Sangue não passou para mim de uma obra regular. Uma pena.

[...] E eles sabiam bastante, os mortos. Quantas vezes ela disse a Harry que eles eram o maior recurso não utilizado do mundo? Era verdade. Tudo o que tinham visto e sofrido, todos os seus triunfos — tudo estava perdido para um mundo carente de sabedoria. E por quê? Porque, a certa altura da evolução das espécies, uma profunda superstição se arraigou ao coração humano de que os mortos deveriam ser considerados fontes de terror, e não de iluminação.







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