CARRIE, A ESTRANHA

Carrie White é uma garota adolescente de Chamberlain, no Maine, onde vive com sua mãe, Margareth White, uma fanática religiosa que cuidou da filha no cabresto e com abusos psicológicos, sempre se vingando de Carrie quando achou que alguma atitude dela fosse pecado.

Durante um banho no banheiro feminino após a aula de educação física, Carrie tem sua primeira menstruação, já com 16 anos de idade. Por não saber do que se tratava aquele estado, sua primeira impressão foi de que estava morrendo de hemorragia, o que tornou a situação cômica para todas as presentes. As outras garotas caem na gargalhada e atiram absorventes contra ela (que Carrie pensava ser um objeto para ser usado como removedor de batom) enquanto a insultam. A professora de Educação Física, a Srta. Desjardin a repreende antes de entender o que se passava, e então por fim a ajuda a colocar o absorvente e a manda de volta para casa.

   

"—Ela acha que isso é para limpar batom! — gritou Ruth Gogan de repente com um prazer misterioso, e estourou numa gargalhada."

Sua mãe, como era de se esperar, a repreende ainda mais, chamando-a de pecadora e que o sangue era fruto de seus pecados, até mesmo seus seios crescendo eram tentações do diabo. Sempre Carrie deveria entrar no "armário" e rezar a Deus pedindo perdão. Uma das meninas que participaram da judiação e do bulliyng, Sue, se sente completamente arrependida e pede que seu namorado, Tommy, seja o par de Carrie no baile da escola, como forma de compensação por seus atos. É nesta que ficou conhecida como "A Noite do Baile", que está todo o mistério e suspense que envolve este fantástico livro de Stephen King, o mestre do terror.

Em momentos de grande tensão, Carrie desperta um tipo de tele-cinese, fazendo as coisas se moverem, portas fecharem, objetos levitarem ou explodirem. O livro é narrado de forma documentada e jornalística, além do narrador, temos trechos extraídos de livros escritos por personagens centrais, matérias de jornais, depoimentos, relatos e pensamentos. Esses fragmentos de narratica vão se juntando para revelar ao leitor o que aconteceu na tão comentada "A Noite do Baile". Apesar de bem curto (o livro não passa de 150 páginas), o fato de ser narrado desta forma, torna a experiência mais longa do que o normal, mas não menos interessante.

“Mas quase ninguém descobre que seus atos, na verdade, magoam realmente os outros! Ninguém fica melhor, as pessoas só ficam mais espertas. Quando fica mais esperto, você não para de arrancar asa de mosca, só imagina um motivo melhor para fazer isso.”

Personagens muito bem criados, fortes e verdadeiros. A mãe de Carrie é uma daquelas mulheres doentias e fundamentalistas. A educação repassada a Carrie sempre foi a base da Bíblia, rezas e punições severas. Não havia nem conversado com a filha sobre menstruação e nem levado ao médico para diagnosticar o porquê, aos 16 anos, ela ainda não havia menstruado.

"É você sua cria do diabo bruxa duende do diabo é você fazendo isso."

Stephen King dispensa apresentações. Com mais de 350 milhões de cópias vendidas e mais de 50 livros escritos, entre fantasia, terror e ficção. Este foi o primeiro livro publicado por ele (mas não o primeiro escrito) e eu já conhecia a história através dos filmes. A experiência com a leitura é ainda melhor, todo o quebra cabeça se juntando e formando o clímax da história (que é especialmente violento) deixa o leitor super curioso. Apesar do que se espera que acontecerá, não tem como você não simpatizar com Carrie e desejar que ela consiga dar a volta por cima e se tornar uma mulher com uma vida estruturada. As crianças podem ser gravemente idiotas, e King faz um trabalho excelente para nos lembrar disso. Também explora de forma exímia, uma ampla gama de emoções experimentadas durante a transição da criança ao adulto. Se você é um fã de horror, ou um fã de cinema clássico, em geral, este livro é um prato cheio. Pode não ser uma das melhores obras do mestre, mas é necessário conhecê-lo.

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