LABIRINTO
Quando Sarah está em seu auge de revolta adolescente e diz as palavras corretas, duendes aparecem junto com seu rei para realizar seu mais profundo desejo naquele momento. Seu irmão Tobby, um bebê que seu pai tivera com sua madrasta, é a personificação do quanto ela se sente deixada de lado. Cuidar dele quando seus responsáveis saem para se divertir é o momento que sua raiva explode completamente.
Labirinto é uma novelização do filme estrelado por David Bowie em 1986 que a Darkside Books trouxe ao Brasil numa edição cujo a capa é idêntica ao livro de mesmo nome que Sarah carrega consigo no início do filme. A história em sua forma novelizada deixa um pouco mais evidente a naturalidade que a fantasia é implantada nesse mundo moderno de uma família americana comum. Não há reação de incredulidade por parte de Sarah quando os seres mágicos aparecem em seu quarto tomando seu irmão e concedendo um limite de 13 horas para que ela atravessasse o labirinto para resgatá-lo. Antes disso, houve a tentativa de convencer que sua vida seria muito melhor sem aquela criança.
Além da aventura e do desafio, deliciosos de serem lidos, gostei da lição moral dada logo no início e por isso dei o título desse post. Nós seres humanos temos capacidade de desejar as maiores atrocidades mesmo para pessoas a quem amamos muito em nossos momentos de raiva. Entretanto, estamos preparados para a possibilidade do desejo ser atendido? Quando Sarah fica frente-a-frente com a realização de seu desejo, percebe o grande erro cometido e não aceita de forma alguma a proposta de largar Tobby para ser mais uma criatura do rei dos duendes. Ela aceita o desafio de atravessar um grande labirinto e durante o caminho vai aprendendo preciosas lições.
Um lugar cheio de truques, Labirinto está repleto de pegadinhas que farão o caminho até seu centro, onde está o castelo, parecer cada vez mais longe. O rei, que no filme foi eternizado por David Bowie, vê em Sarah um ser inteligente, interessante e atraente. Por isso cada vez que ela chega perto de cumprir o tempo determinado por ele, logo arruma empecilhos. Além dos duendes que fazem tudo por seu rei, outras criaturas mágicas aparecem pelo caminho. Hoggle, Ludo, sr. Dídimo... minhocas, foguentos e demais personagens e situações inusitadas.
A princípio eu me senti bem confusa em adentrar no mundo de Labirinto. Ainda estava nos anos 1990 quando eu assisti ao filme e minha lembrança sobre ele estava bem esquecida. Mas essa edição possui ilustrações de Brian Froud que ajudam muito o imaginário de quem não viu a versão do cinema. A leitura se tornou mais familiar a medida que que eu ia avançando e quando percebi, eu já havia acabado a história.
Agora vamos dar um parabéns especial para edição? Porque como eu disse acima, é igual ao livro que Sarah segura no inicio da historia. Quando vi essa cena do filme logo pensei: Gente, mas olha só! Como eu trabalho com design, mesmo num ramo diferente do editorial, gosto de admirar essas partes quando vejo um bom trabalho. Do tipo que eu gostaria de fazer algum dia na minha vida. A preocupação com a imagem de fora, além dos extras, dá a sensação belíssima de que quem pensou em fazê-la teve a preocupação de conhecer o que estava fazendo, assim como todos os livros da editora são (e garanto que não é porque sou parceira que digo isso).
Labirinto é uma obra para quem é fã e para quem virá a ser ;)
Autores: Jim Henson e Brian Fround para o filme | A.C.H Smith para a novelização.
SOBRE O FILME de 1986
Além dos extras contidos no livro, como as ilustrações de Brian Froud que colaborava para as produções de Jim Henson, temos as anotações do próprio diretor bem ao estilo de quem anota aleatoriamente as primeiras ideias para não esquecê-las. Saber como foi concebido tornam as coisas mais interessantes.
Labirinto foi feito numa época em que a computação gráfica era apenas uma ajuda mínima e todo o trabalho era feito com criaturas feitas manualmente. Os bonecos eram sim, operados por pessoas e havia todo um trabalho de maquiagem e caracterização, de esculturas e cenários feitos por várias mãos na produção de cinema.
David Bowie fazia um personagem que realizava malabarismos com bolas de cristal. Para os movimentos ficarem reais, uma pessoa estava atrás de Bowie simulando suas mãos e fazendo todos os movimentos sem ver nadica de nada! E houve 5 musicas compostas e cantadas por por ele: Underground, Magic Dance, Chilly Down, As The World Falls Down e Within You.
“Este livro foi cedido ao TRIPLO BOOKS de cortesia pela editora. Independente da parceria, todas as reviews tem como principal característica, a franqueza com as opiniões postadas”.
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